domingo, dezembro 24, 2006

MENSAGEM DE NATAL!

Vejo pela manhã aqueles corpos frios e sujos. Corpos com fome, sem alma, sem dor, sem cara e sem cor.
Não têm idade, sexo , nem identidade.
São apenas corpos!
Sujos
Frios
Com fome
Sem dor
Quando chegam muito perto causam medo, nojo, antipatia.
Aperto o passo e neste compasso sigo ignorando esses seres da rua, ignoro suas almas, suas dores, suas cores, suas caras, seus sexos, suas idades e identidades e vejo apenas corpos!
Ignoro, desvio o olhar, corro e quase não percebo que mato...o meu corpo, a minha alma, a minha dor, minha idade e identidade!
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CIDADÃO DE PAPELÃO (F. Anitelli / M. Viana)

O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz
Nem terno, nem tampouco ternura
À margem de toda rua, sem identificação, sei não
Um homem de pedra, de pó, de pé no chão
De pé na cova, sem vocação, sem convicção
À margem de toda candura

À margem de toda candura
Cria a dor, cria e atura

Cria a dor, cria e atura
Um cara, um papo, um sopapo, um papelão
O cara que catava papelão pediu

Um pingado quente, em maus lençóis, à sós
Nem farda, sem tampouco fartura
Sem papel, sem assinatura
Se reciclando vai, se vai
À margem de toda candura

À margem de toda candura
Não habita, se habitua

Não habita, se habitua
Homem de pedra, de pó, de pé no chão

sábado, dezembro 09, 2006